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A CASA DA MÃE JOANA  - (Pintura Trois nus de Pablo Picasso)

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Avançada no tempo, século 13, foi Joana, rainha de Nápoles, Itália. Bela, moça e inteligente, além de mecenas de poetas, artistas e intelectuais, regulamentou os bordéis. O ato lhe custou caro, mas soube como se vingar da maledicência.
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A sociedade lhe virou as costas, difamando-a sem piedade. Acusaram-na de tudo, menos de ser proprietária de uma daquelas casas, no entanto, fizeram pior: disseram que ela mesmo freqüentava. Mereceu desprezo e revolta. Caso fosse contemporânea de nossos dias, com a liberalidade solta dos costumes, seria canonizada, com láureas, pela legião dos adeptos da ousadia. 
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A igreja apesar dos protestos mereceu da nobre um grande favor... Consentir que os papas, escorraçados por motivos políticos da Itália, fossem morar em Avignon, que lhe pertencia. Nesta cidade, onde morava, depois de fugir de Nápoles, fez fama e envolveu-se numa tragédia. Editou a norma que permitia o funcionamento dos bordéis. Queria que essas casas tivessem uma só porta de entrada. Depois, foi assassinada por um sobrinho, de olho na herança. 
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As acusações não paravam. Um dia soube como reagir, ou seja, ameaçou revelar os nomes dos freqüentadores, que incluía gente boa. Pronto, deixaram-na em paz. 
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Pela iniciativa contínua lembrada, através da expressão "casa da mãe Joana", embora alguns não entendam o porquê: é um lugar em que todo mundo manda e faz o que bem entende. O português, safadamente, transformou o dito, substituindo a palavra casa, por outra. Não preciso avançar. Todo mundo sabe. Quanto ao mais não resta dúvida, Joana permanece na memória coletiva.

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Sebastião Jorge

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