EUNUCOS
.
A chave do sucesso no Império Bizantino era a castração.
Impossibilitados de criar descendência, os eunucos não tinham esperança
de virem a tornar-se imperadores, o que queria também dizer que tinham
muito poucos inimigos políticos. Grande parte das famílias nobres
castravam os seus filhos para melhorar as suas possibilidades de virem a
tornar-se altos funcionários do estado, patriarcas da Igreja, ou até
mesmo Generais.
Para
guardar suas mulheres, os sultões mantinham um imenso e valioso exército
de eunucos, que podia chegar a oitocentos homens. Estes eram
prisioneiros de guerra ou escravos, castrados antes da puberdade e
condenados a uma vida de servidão.
Os eunucos brancos serviam no "Selamlik" onde o sultão
recebia outros homens. O caminho dourado, um adorável corredor com
telhado primorosamente elaborado conectava esta área do palácio com o
harém, onde os eunucos negros vigiavam as mulheres.
O chefe eunuco negro exercia grande poder político dentro na
corte. Oficialmente sua posição era tão importante quanto a do grão
vizir. Em virtude de sua proximidade com os mais íntimos segredos do
harém e sua acessibilidade ao mundo externo o eunuco se tornou o
elemento mais corrupto da sociedade do palácio. Rodeado por mulheres
treinadas para despertar a paixão nos homens ele é condenado a viver
toda sua vida confrontado com a perda de sua capacidade sexual. Muitos
se tornaram hábeis manipuladores traduzindo seu ressentimento em forma
de vingança. Podemos encontrar traços dessa afirmação nas cartas
persas de Montesquieu:
"O Seraglio é meu império e minha ambição, a única paixão
que me restou. Noto, com prazer, que minha presença é solicitada o
tempo todo. Incorro de bom grado no ódio que as mulheres nutrem por
mim, pois ele fortifica enormemente minha posição. Seu ódio tem
fundamento, posso dizer, com certeza, que interfiro em seus mais
inocentes prazeres, estou sempre no caminho, um incomensurável obstáculo,
antes delas saberem onde estão, encontram seus planos totalmente
frustrados".
O
anão do palácio, também um eunuco, era uma espécie de palhaço da
corte, grande fonte de diversão para o sultão e as damas do harém.
Como sua presença não oferecia grandes riscos, acabava participando de
momentos íntimos da vida interna dos haréns. Num caderno de anotações
do séc.VIII aparece uma miniatura onde um anão eunuco está entre as
mulheres, entretendo a todas, enquanto uma jovem mãe se encontra em
trabalho de parto....
.
Eunucos
indianos ganham nova profissão - www.valor.com.br
Na Índia, os eunucos não são classificados como homens nem como
mulheres, não têm direito a sobrenome e são condenados a viver como
marginais. Agora, esses órfãos sem sexo estão passando de mendigos e
prostituídos a cobradores eficientes. Segundo reportagem do jornal
Valor, os empresários descobriram que cobrar dívidas utilizando
eunucos traz mais resultados que um processo judicial.
Frustradas com a morosidade da Justiça indiana, cujos tribunais
acumulam 75 mil processos de cobrança de dívidas, as companhias
financeiras resolveram mudar de tática. " As companhias e as
pessoas temem mais o constrangimento social do que a lei", afirma
B.R Shetty, que contratou eunucos e já recuperou mais de US$ 19 mil.
As companhias pagam US$ 3,2 por dia aos eunucos, que entram em
grupos nos escritórios dos devedores, vestindo roupas coloridas, com
maquiagem carregada e batendo tambores. " Inicialmente, nós
tentamos convencê-los a pagar suas dívidas. Se isso não funcionar,
adotamos medidas mais drásticas", explica Radhika, que é tão
requisitado que carrega um pager.
Ameaçar rogar pragas nas pessoas supersticiosas e até tirar a
roupa são as táticas mais eficazes que os eunucos adotaram em sua nova
profissão.
.
|