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Vinho tinto estimula enzima antienvelhecimento - Redação Terra 


Um ingrediente do vinho tinto estimula uma enzima que retarda o envelhecimento das células e que poderia prevenir doenças geriátricas como o Alzheimer. Um experimento da Universidade de Harvard confirmou a crença científica de que as enzimas celulares estudadas, as sirtuinas, são reguladoras universais do envelhecimento de todos os organismos vivos, e por isso são muito interessantes para o tratamento da passagem dos anos. "As sirtuinas operam como guardiães das células", disse o cientista David Sinclair, da Faculdade de Medicina de Harvard, que liderou o trabalho publicado na revista Nature. "Estas enzimas permitem que as células sobrevivam ao dano e retardam a morte das células", disse. 
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O estudo culmina, por enquanto, três anos de estudos e descobertas sobre as sirtuinas, em uma classe de enzimas presente virtualmente em todo organismo desde as bactérias até as plantas e os humanos. Todas as enzimas têm a função de promover reações bioquímicas essenciais dentro das células. Inicialmente os cientistas pensaram que as sirtuinas trabalhavam, principalmente tirando moléculas chave das proteínas que rodeiam o DNA (ácido desoxirribonucleico) como parte do processo pelo qual as células ativam e desativam seus genes. Mas recentemente os cientistas notaram que as sirtuinas também são parte de um sistema de retroalimentação que realça a sobrevivência das células em tempos de stress, especialmente se este for devido à falta de alimentação. 
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Os experimentos aumentaram significativamente os períodos de vida em células de fermento e humanas nos laboratórios, e estendeu as vidas de moscas e vermes, organismos que em nível da biologia molecular envelhecem tanto como os humanos. De todos os compostos experimentados pelos cientistas, o que mais estimulou a enzima foi o resveratrol, uma substância abundante na pele da uva preta e também entre os álcoois do vinho tinto. Segundo outro estudo publicado por Philippe Jeandet e Roger Bessis da Universidade da Borgonha (França) o resveratrol é um composto fenólico produzido pela videira em resposta a uma infecção de "podridão cinzenta" (botrytis). Esta molécula é conhecida por suas propriedades terapêuticas. 
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Borgonha, em cuja Universidade foi estudado o resveratrol, é junto com Bordeaux e Champagne, uma das regiões produtoras de grandes vinhos na França. "É o constituinte ativo dos extratos da raiz de uma planta (Polygonum cuspidatum) utilizada na medicina tradicional chinesa e japonesa para o tratamento da arterioesclerose e das doenças inflamatórias e alérgicas", segundo o estudo francês. Os conteúdos em resveratrol do vinho são volúveis segundo os vinhedos e as regiões de produção e sabe-se que estão relacionados com o estímulo das reações de defesa da videira em resposta a uma infecção parasitária. Também foi creditado ao resveratrol uma diminuição do risco de doenças cardíacas. 
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Sinclair disse que, sobre a base das descobertas, agora continua a busca dos compostos que estimulam mais as sirtuinas, e a produção de compostos sintéticos, para experimentá-los na extensão da vida não só de moscas e vermes, mas também de humanos e macacos. Mas Jef Boeke, um especialista em genética de fermentos que trabalha na Faculdade de Medicina da Universidade John Hopkins, se mostrou cauteloso e disse que "o envelhecimento não é o mesmo em humanos e em fermentos". "As sirtuinas são moléculas potentes e quando alguém as estimula teria que ter muito cuidado sobre os efeitos secundários potenciais", acrescentou.

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