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A CAÇADA A PANCHO VILLA...
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O General Pershing de EUA estava no comando de um poderoso exército integrado por dez mil homens e trazia consigo o apoio de artilharia pesada. "Em uma jaula de ferro vamos levar este assassino", disse. No entanto apesar de suas tropas expedicionárias percorreram durante quase um ano todos os lugares em que supuseram que seu inimigo estivesse e nunca conseguiram captura-lo. Durante sua busca, Pershing encontrou várias tumbas com a seguinte lápide: - "Aqui jaz Pancho Villa", mas sem ninguém dentro. 
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Rompeu e cavou mas não encontrou mais que serpentes, tarântulas, lagartixas e pedras. Apesar de que seus soldados batiam nos camponeses mexicanos, os ameaçavam e lhes ofereciam todo o ouro do mundo em recompensa, estes sempre lhes davam pistas falsas. Ao término de onze meses, Pershing voltou para os EUA com sua caravana de soldados, fartos de respirar pó e receber pedradas e mentiras em cada povoado do pedregoso deserto. 
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Nessa procissão de humilhados encontravam-se dois jovens tenentes recém saídos da famosa
academia West Point, que depois seriam célebres, como o próprio Pershing: - Este na 1ª Guerra Mundial, e os outros dois, Dwight J. Eisenhower e George Patton, na 2ª Guerra Mundial. Einsehower seria presidente dos EUA. Patton escavaria o solo deste "país ignorante e selvagem". Por sua parte, ao contemplar a retirada do alto de um morro Pancho Villa exclamou: "Vieram como águias e se vão como galinhas molhadas".
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Desde a guerra da independência, EUA começou cada século sendo atacado por uma força estrangeira. Foi assim em 1912 pelos ingleses e também em 9 de março de 1916 pelo mexicano e militar Francisco
(PANCHO) Villa, no povoado fronteiriço de Colombus. Segundo Friedrich Katz, professor de história latino-americana da Universidade de Chicago, precisa em sua obra "The Life and Times of Pancho Villa", que o ataque a Colombus foi e segue sendo o único caso de uma força militar estrangeira que tenha atacado um território continental nos Estados Unidos desde a guerra britânica-estadunidense de 1812. Bin Laden não conta...
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Na opinião de Katz, a Divisão do Norte que Francisco
(PANCHO) Villa comandou foi provavelmente o maior exército que jamais tenha surgido na América Latina. É excepcional o fato de que foi um dos poucos movimentos revolucionários com o qual o governo dos EUA tentou chegar a um acordo, inclusive forçar uma aliança.
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Se alguém tem dado testemunho da lenda épica de Francisco Villa, É John Reed, que foi correspondente estadunidense no México e que escreveu em algumas de suas reportagens: "Seus feitos não tem comparação com nenhum outro personagem incubado no mundo". Reed poderia parecer subjetivo em suas notas mas entre 1901 e 1909 imputam a Villa pelo menos quatro homicídios, mais de uma dezena de incêndios premeditados, múltiplos roubos seqüestros em fazendas e ranchos granadeiros. Queimou edifícios públicos entre eles a casa de um prefeito e a noite de 15 de novembro de 1913 disse Juarez, cidade fronteiriça do estado de Chihuahua com o Paso Texas, em uma ação sem precedentes, se apoderou dos trens, apressou aos telegrafistas de cada estação, as tropas de Villa tomaram o quartel, o depósito de armas, o hipódromo e as casas de jogos. Dos jornais norte-americanos e a opinião pública se surpreenderam diante desta incrível ação. Em Fort Bliss, o general Scott a compara com a guerra de Tróia.
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Para o Army and Navy Journal, "Villa é um gênio militar... tem uma admirável personalidade que atrai o soldado mexicano. Induvidavelmente bravo, é um tigre quando se exalta mas também sabe ser ordenado, no caso da guerra com os Estados Unidos será o comandante em chefe... Acredita-se que se converterá no ditador do país inteiro".
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Francisco Villa atacou Colombus movido pela vingança. Culpou os EUA pela sua derrota na região de Água Preta ao permitir a passagem das forças de Carranza pelo território Norte-americano. Também o acusou de haver-lhe enviado armas e munições defeituosas. E "
a gota que pode ter sido o derrame" foi um ato deliberado e horrendo dos norte americanos ao banhar com petróleo e queimar vivos vinte mexicanos que estavam presos por diversos motivos nos EUA.
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John Pershing, general a mando das tropas estadunidenses ao longo da fronteira com o México, havia sido advertido dois dias antes do ataque, que Francisco
(PANCHO) Villa estava se aproximando da fronteira e podia atacar, mas nem o general Pershing nem o comandante da guarda de Columbus levaram a sério a advertência.
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Villa atacou na madrugada de 9 de março tomando de surpresa toda a população, o pânico tomou conta dos vizinhos quando uma coluna de Francisco
(PANCHO) Villa irrompeu a galope gritando Viva Villa! Viva México!, e disparando em todas as direções sobre as casas e sobre qualquer um que aparecesse, incendiaram o Commercial Hotel, executaram vários hóspedes, saquearam bancos e várias casas comerciais.
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Em 10 de março, no dia seguinte ao ataque a Colombus o presidente Norte-americano, Thomas Woodrow Wilson deu ordem de que uma força expedicionária de uns cinco mil homens ingressasse no território Mexicano em perseguição de Francisco
(PANCHO) Villa sob o comando de John J. Pershing. Entre as instruções finais da "Expedição Punitiva", como foi chamada. O objetivo principal era a captura de Francisco (PANCHO) Villa. A não ser que "a tarefa destas tropas se considerará terminada quando se saiba que o bando ou os bandos de Villa ficaram obsoletos".
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Rafael Muñoz em Relatos da Revolução, descreve a reação: "
É o mais terrível dos assassinos", dizem os que há anos se aproveitam de seus triunfos e agora o vilipendian, "é a vergonha do México, o azote do norte o asco do mundo. Rouba, mata, assalta, destrói, incendeia e arrasa! Reta ao estrangeiro, põe o país a bordo da guerra internacional, arruína a pátria e onde pisa, a marca de seu pé se enche de sangue!"
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Em palavras de Katz, Villa manteve unido a seu exército, não houve dissensões em grande escala graças ao seu carisma, e a lealdade ao terror que inspirava. Não cedeu ao desespero; fez o contrário, quando estava em sua mão para capitalizar a vaga de nacionalismo que esperava como reação a invasão estadunidense e ao passar pelos povos reunia os habitantes e os convocava a lutar contra os invasores e a apoiá-lo. Em Zocalo município de Galeana, milhares de pessoas se reuniram em 14 de março para escuta-lo. De uma janela sobre a praça Villa se dirigiu a multidão; não deu nenhuma explicação do ataque a Columbus, disse somente que havia estourado a guerra entre EUA e México e que as pessoas deveriam estar prontas para defenderem o seu país, que se preparassem para a luta que viria contra os gringos.
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A palavra "GRINGO" vem da guerra entre Mexicanos e Estadunidenses. Durante a guerra os soldados norte-americanos cantavam uma canção chamada "Verdes crecem las Lilas" (verdes crescem as lilas), em inglês "Green grow the lilas" (se pronuncia - grin gruou de lilas), e de aí que vem a palavra GRINGO, como uma deformação de essa canção.  - Em 16 de março entrou no território Mexicano a primeira das dos colunas que integravam a expedição Punitiva de Pershing, composta por cinco mil oficiais e soldados da cavalaria, infantaria e artilharia assim como o esquadrão aéreo de oito aeroplanos. Era a primeira guerra na qual se utilizariam aviões para ataques.
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Francisco (PANCHO) Villa se retirou para as montanhas de Chihuahua, ali teve que enfrentar as maiores dificuldades desde que escolheu o destino de revolucionário. Mais de cinco mil estadunidenses haviam entrado no México com a finalidade de captura-lo, estavam equipados com modernas tecnologias a que nenhum mexicano tinha acesso. Um esquadrão de aviões voava sobre as ladeiras das montanhas e sobre os desertos tentando localiza-lo, mas o terreno acidentado e a extensa serra mãe ocidental que atravessa o estado de Chihuahua foi seu melhor aliado.
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Aumenta a convicção dos soldados de Villa de lutar com a certeza de que suas ações e as do próprio Villa eram pelo bem do México. O caso de Pablo Lopez um dos homens fortes de Villa, manifesta a fé e lealdade dos revolucinários. Na obra de Calzadiaz Barrera, "Fatos Reais da Revolução" narra sobre a sua captura pelas tropas arrancistas nas colinas de Chihuahua onde depois de passar dias sem comer nem beber, propõe se entregar somente se seus captores fossem mexicanos e acrescenta: "Se são americanos morrerei lutando!

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Pouco antes de ser fuzilado disse ao repórter irlandês do "El Paso Herald": "Eu fui o primeiro a me unir a ele e tenho sido seu seguidor e seu escravo desde então. Preferiria morrer pela minha pátria em batalha, mas se decidiram me matar, morrerei como Pancho Villa gostaria que eu fizesse, com a cabeça erguida e os olhos abertos, e a história não poderá dizer que Pablo Lopez fraquejou nas portas da eternidade."
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Em começos de abril de 1916, ano no qual o presidente norte-americano Woodrow Wilson faz entrar em seu país junto com os aliados a primeira guerra mundial, vários membros do gabinete de Wilson estavam pedindo que a Expedição Punitiva se retirasse; dia a dia o comunicado era idêntico: "
Tenho a honra de informar que Pancho Villa está em toda parte em nenhuma parte". e assim também o cita Enrique Krauze em sua obra Caudilhos da revolução Mexicana. A Expedição Punitiva uma das caçadas mais caras jamais custeadas para buscar a um só homem fracassa estrepitosamente. 
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Se é que existem coincidências, Pancho Villa, Bin Laden e Saddam Husein, estão muito próximos, já que estão levando EUA a uma guerra sem precedentes e por motivos bem questionáveis, onde os interesses estão complexos de serem entendidos. Esperemos que os EUA não continuem a armar uma 3ª guerra mundial, como predice "Nostra Damus"...
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