1999

Sistema de Representação Comercial para Representantes Comerciais

2018

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Negociação em compras: a parábola dos pães

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sala dos artigos de negociação

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Negociação apesar de ser uma arte possui princípios sólidos e bem desenvolvidos alicerçados na psicologia, na economia, na teoria das decisões, na comunicação e na sociologia. É uma das habilidades mais importantes dos executivos e apesar de possuir princípios gerais, tem peculiaridades que devem ser utilizadas em cada área de aplicação. A negociação em compras, onde o negociador lida com os profissionais de vendas, que talvez estejam entre os que mais passam por programas de treinamento no Brasil, requer um preparo específico (artigo: A síndrome de Estocolmo em vendas...).

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Entender os fundamentos do que está sendo negociado é crítico para a condução de qualquer processo de negociação. Descobrir os aspectos importantes de cada situação deve ser preocupação de todo o negociador. Isto é principalmente válido nas negociações de compras, em que milhares, ou mesmo dezenas de milhares, de itens estão envolvidos. Além disso, o problema da área de compras não se restringe apenas ao número de itens, mas, principalmente, aos seus valores (artigo: a re-negociação de preços com os compradores).

Entre 60 e 80% dos custos totais de uma empresa são representados por matérias-primas, componentes, conjuntos e outros itens adquiridos.

O presente artigo apresenta mais algumas características da "matriz de posicionamento de compras" que já foi discutida de forma preliminar em edição anterior. Esta matriz possibilitará a criação de políticas de negociação diferentes de acordo com a importância dos itens. Isto ajudará o negociador bem preparado a colocar seus argumentos de forma construtiva e convincente. Para demonstrar a forma como os direitos podem ser reivindicados vamos nos socorrer em um conto de Malba Tahan (artigo: Como re-negociar um pedido ou um contrato).

A parábola dos pães: dois mercadores haviam terminado de realizar suas vendas e estavam voltando à sua cidade. Um deles era um negociador eficiente e eficaz, que sempre procurava obter o máximo possível para si, mas sempre com justiça. O menor caminho que existia até sua cidade passava por um deserto. No meio do caminho encontraram um xeique que havia sido assaltado e estava faminto. Assim que os avistou foi logo dizendo:

Vocês têm algo que eu possa comer? Vou retribuir em ouro tudo o que me fornecerem.
Um dos mercadores disse: tenho comigo cinco pães, mas preciso comer ao menos parte deles até chegar à próxima cidade.
O outro complementou: e eu possuo apenas três, mas também posso reparti-los.
Ótimo, disse o milionário, quando chegarmos à cidade darei oito moedas de ouro em troca dos pães.

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Assim foram andando até que finalmente atingiram o seu destino. Assim que lá chegaram os dois foram recompensadas. Ao que fornecera três pães foram entregues três moedas de ouro, ao outro cinco.

Peço que faça uma pausa agora: em sua opinião, a divisão foi justa?, Se considerar que não foi, o que está errado? Pois bem, aquele que entrara com cinco pães, o negociador eficiente e justo, não concordou. A divisão não está correta. Eu tenho direito a sete moedas e meu companheiro de viagem a apenas uma, afirmou. Nem o xeique nem o outro mercador entenderam a lógica da nova divisão. Ambos exigiram uma explicação, pois se um entrara com cinco pães e o outro com três era justo que este fosse o número de moedas destinadas a cada um. A nova divisão proposta à primeira vista parecia um despropósito:

Calmamente o primeiro mercador explicou ao xeique e ao outro viajante. Enquanto andávamos pelo deserto, cada vez que queríamos comer dividíamos os pães em 3 partes. Destinávamos então uma a cada um de nós. Pois bem, o meu companheiro que possuía 3 pães, ao dividi-los contribuiu na realidade com 9 pedaços. Eu que estava de posse de 5, contribui com 15. Os 9 pedaços fornecidos pelo nosso companheiro, mais os 15 que forneci totalizaram 24 pedaços. Como sempre que um de nós comia um pedaço de pão, todos os demais também os consumiam, na realidade tocou a cada um, um terço dos 24 pedaços, ou 8 pedaços de pão.

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Pois bem, nosso companheiro de viagem que entrara com 3 pães, ou 9 pedaços e comera oito, na realidade somente contribuiu com 1 pedaço para o consumo do xeique. Eu que possuía 5 pães ou 15 pedaços também consumi 8. Por isso, na realidade, forneci 7 para saciar a fome do xeique. É justo, portanto, que as moedas sejam divididas desta forma, ou seja, a mim tocam 7 moedas e ao meu companheiro de viagem uma. Fascinado o xeique entregou as 7 moedas ao matemático. Como forma de não frustrar o outro viajante deixou-o ficar com as 3 que lhe destinara originalmente...

Se o problema não tivesse sido analisado de forma correta, facilmente o primeiro negociador aceitaria as 5 moedas; ou seja, para encontrar a lógica que existe por trás da negociação é fundamental para que nossos objetivos sejam alcançados. Este história obviamente é uma parábola. Obter as 7 moedas em negociações reais teria sido muito mais complexo. Esperar que alguém lhe desse as 3 quando na realidade mereceria apenas uma, mais complexo ainda. O que mostraremos a seguir é uma ferramenta que pode ser utilizada para entender melhor os mercados nos quais atuamos e talvez aumentar a probabilidade de alcançarmos as sete moedas (artigo: As 3 variáveis fundamentais na negociação).

A matriz de posicionamento de compras: em artigo anterior apresentamos um modelo que sugeria formas diferentes de negociação de acordo com a situação dos itens comprados pela empresa. Este modelo gerou o que chamamos de matriz de posicionamento de compras. A matriz, como pode ser vista no quadro a seguir, possui duas dimensões. Uma representa o impacto que os itens têm nos custos totais da empresa. A outra diz respeito aos riscos. Dependendo da combinação de custos e riscos, foram recomendadas políticas diferentes, que conduzem a diferentes formas de negociação. Vamos então analisar os componentes do risco (artigo: Qual é o preço ideal de um produto ou serviço?).
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Risco Participação nos custos Estratégia de compras Preocupação fundamental
Baixo Baixa Compras táticas

Minimizar a atenção.

Reduzir o tempo necessário para comprar.

Automatizar as compras.

Reduzir outros custos associados a compras como contas a pagar, qualidade etc.

Baixo Alto Lucro tático

Conhecer todas as alternativas de mercado.

Realizar concorrência para redução de custos.

Procurar fornecedores alternativos.

Alto Baixa Segurança estratégica

Garantir o suprimento.

Aceitar pagar preço diferenciado.

. Avaliar novas alternativas tecnológicas

Alto Alto Críticos estratégicos

Acompanhar permanentemente os itens.

Desenvolver novos fornecedores.

Gerar sistemas de acompanhamento de preços.

Negociar, negociar, negociar.

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Matriz de Posicionamento em Compras: os ganhos mais significativos se encontram nos itens que fazem parte dos grupos cujas estratégias recomendadas são: lucro tático e crítico estratégico. O risco de fornecimento foi caracterizado por uma combinação de:

Disponibilidade de fornecedores: os insumos para os quais existem diversos fornecedores são considerados de baixo risco para a empresa;
Requisitos de qualidade: os insumos que não são fundamentais para a qualidade são de alto risco para a empresa;
Requisitos relativos à segurança pessoal ou ambiental: os insumos que podem gerar impactos ambientais e que representem ameaças à segurança das pessoas são de alto risco para a empresa.

O problema mais significativo é que estes três fatores normalmente aparecem associados. Insumos que apresentam altos requisitos de qualidade tendem, devido às possíveis dificuldades de produção, a ser fornecidos por poucas empresas. Da mesma forma, itens que podem gerar impactos ambientais significativos também costumam possuir poucos fornecedores. Dentro do conjunto de insumos de alto risco existem alguns que, em particular, representam grandes volumes de compras. Estes compõem os itens críticos estratégicos. Nas negociações com os fornecedores, o conhecimento profundo de todos esses fatores de risco é fundamental. Estes fatores constituem as vulnerabilidades da empresa e podem gerar diminuição do poder de barganha. A análise destas vulnerabilidades abrange sete áreas principais, conforme descreveremos a seguir:

 

A relação entre a oferta e procura: o primeiro aspecto a ser analisado é a discrepância que existe entre oferta e procura. Para isto é necessário avaliar o que a demanda de nossa empresa representa em relação ao total do mercado. Da mesma forma é necessário que se avalie a relação existente entre a produção do fornecedor e a produção total do mercado. Caso a empresa possua participação pouco significativa nas vendas do fornecedor, provavelmente terá baixo poder de barganha. Este fator poderá ser contrabalançado, caso existam diversos fornecedores que estejam competindo entre si. Mesmo assim, desequilíbrios temporários entre oferta e demanda podem criar problemas críticos e até insolúveis.

Vide o caso das refinarias de petróleo independentes existentes hoje no Brasil. Com o aumento do preço do petróleo e a manutenção dos preços dos derivados pela estatal do setor, tornou-se hoje em dia quase impossível operar uma refinaria no país. Situações semelhantes podem ocorrer em diversos outros setores. É provável que quase todos lembrem ainda dos problemas que surgiram durante o "apagão" de energia que ocorreu em anos recentes.

A disponibilidade de insumos para os fornecedores: as empresas que fornecem para nossa empresa não se encontram isoladas. Mesmo no caso de fornecedores primários eles necessitam adquirir os seus insumos. Em diversas situações os fornecedores podem ter dificuldades em adquiri-los. Isto pode ocorrer tanto por problemas transitórios quando por situações que se tornem permanentes. Se no primeiro momento esta disponibilidade acarreta problemas para o fornecedor, logo a seguir, assim que seus estoques reguladores tenham sido consumidos, gerará problemas para a empresa. Entender a lógica de fornecimento que os supridores dos fornecedores apresentam é fundamental para a análise de riscos. Esse componente se torna mais importante no caso de insumos básicos (artigo: A matriz de Ansoff: produto/mercado).

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As tendências de custo das matérias-primas: uma análise cuidadosa das tendências poderá determinar quais os eventos que podem desencadear súbitos aumentos de preços. Desequilíbrios na oferta de insumos podem gerar problemas diretos nas operações. Particularmente sensíveis, são as "commodities" negociadas em bolsa. Movimentos ascendentes de preço podem fazer com que os custos dos produtos adquiridos se elevem de forma significativa. Movimentos descendentes podem fazer com que insumos estratégicos, adquiridos antecipadamente, tenham seus custos reduzidos prejudicando as empresas com políticas de estocagem preventiva (artigo: Supply chain: Quando os embarques atrasam, as entregas falham).
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A taxa de desenvolvimento tecnológico: aqui o importante é avaliar a velocidade com que os produtos tornam-se obsoletos por mudanças tecnológicas. Principalmente para as empresas de alta tecnologia a verificação da adequação dos fornecedores às mudanças tecnológicas é fundamental.
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A complexidade do mercado: um mercado é complexo quando o poder de negociação está com as outras partes. O importante então é analisar a inexistência ou não de monopólios e, principalmente, a possível tendência à sua criação. Diversos setores, tanto no Brasil como no resto do mundo, estão passando por processos de concentração. Isto torna o mercado mais complexo do ponto de vista dos compradores. Da mesma forma convém analisar se existem barreiras à entrada de novos fornecedores, se existem acordos de preços e qual o impacto da interferência governamental (artigo: Sistemas de alerta preventiva).

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O fornecedor: este é o fator mais importante a ser analisado. Compreende aspectos como: a situação financeira da empresa, o seu posicionamento no mercado e suas atitudes nas negociações. Entre as considerações financeiras é importante avaliar a tendência nos lucros e no fluxo de caixa da empresa. Na análise do posicionamento da empresa devem ser incluídos:

sua política de preços;

suas políticas de descontos;

os seus preços, comparados com os dos competidores;

suas políticas de aprimoramento de produtos;

compromissos com a melhoria contínua.

As atitudes de negociação incluem a abertura e a confiança, juntamente com a propensão para o estabelecimento de parcerias.
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Os métodos de produção, transporte e distribuição: entendendo-se os métodos de produção podem ser avaliadas as flexibilidades que os fornecedores possuem. Da mesma forma, entendendo-se os métodos de distribuição e transporte, podem ser antecipados riscos que existam nestas etapas da cadeia de valor (artigo: Sistema LEAN: Produção, Venda e Entrega).
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A análise de riscos é uma atividade complexa: por isso deve ser desenvolvida apenas para aqueles insumos que forem considerados como críticos estratégicos. Para os demais insumos que geram alto risco, mas que possuam baixa participação nos custos, esta análise não seria justificada. Por isso foram recomendadas outras políticas para estes itens. A preparação é, com certeza, a atividade mais importante dentro de um processo de negociação. É através dela que se consegue avaliar de forma correta os riscos e as oportunidades que existem no processo. Note-se que, até aqui, se procurou mostrar alguns tópicos que deveriam ser conduzidos durante a preparação da negociação. Toda a análise se concentrou em apenas um dos eixos da matriz de posicionamento, o risco. Talvez desta forma consigamos aumentar o número de vezes em que conseguiremos os nossos sete pães (artigo: PRODUZINDO O QUE OS CLIENTES DESEJAM - CASO ECOSPORT).

PROF. Dorval Olivio Mallmann
Consultor Sênior

Instituto MVC: Consultoria em Educação Corporativa

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artigo recomendado:

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quanto mais caro, melhor...

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